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Apesar de o Brasil contar com uma matriz elétrica considerada modelo para o mundo, com mais de 85% de geração limpa e renovável, a vocação energética do país ainda é, majoritariamente, voltada à hidroeletricidade. A avaliação é de Marisete Pereira, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), que participou nesta quarta-feira, 11 de junho, do Enase 2025.
Segundo a executiva, é essencial preservar e ampliar o uso dos recursos hídricos ainda disponíveis, de forma a adicionar mais potência e flexibilidade ao sistema elétrico nacional. “Isso é fundamental para garantir a segurança e a confiabilidade do sistema a preços justos e também para atrair investimentos”, afirmou.
Marisete ressaltou que, apesar dos avanços em fontes como a eólica e a solar, são as hidrelétricas que têm assegurado a estabilidade do sistema ao longo do tempo. “Estamos diante de uma matriz que traz muitos desafios, seja pela operação do sistema, seja pelos eventos climáticos extremos. Mas é justamente neste momento que precisamos valorizar as hidrelétricas, pois foram elas que permitiram que o Brasil construísse uma matriz de referência global”, disse.
A executiva também defendeu a adoção de mecanismos de armazenamento de energia, especialmente nos períodos em que há baixa demanda ou excesso de oferta. Ela citou o uso de reservatórios existentes, com capacidade de até 110 GW, para viabilizar tecnologias como o bombeamento e as usinas reversíveis, que são tendência mundial. “As hidrelétricas contribuem com potência, flexibilidade, serviços ancilares e inércia. São acionadas de forma instantânea e agregam valor tecnológico ao setor. Não podemos abrir mão disso”, reforçou.
Entretanto, Marisete alertou para os desafios crescentes impostos pelas mudanças climáticas, especialmente no aproveitamento hídrico durante longos períodos de seca. Segundo ela, distorções de preços e o impacto do curtailment têm gerado desequilíbrios no setor, exigindo uma abordagem mais integrada sobre o potencial dos recursos nacionais.
“O investidor busca um mercado com preços justos e competitivos, não baseados em subsídios. Hoje, as fontes solar e eólica enfrentam perdas e recorrem a ressarcimentos por curtailment. Já as hidrelétricas têm um diferencial estratégico de flexibilidade que precisa ser valorizado”, concluiu.
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