Em meio aos desafios crescentes de sustentabilidade e eficiência no setor da saúde, o Hospital Israelita Albert Einstein vem apostando em iniciativas para reduzir o impacto ambiental e otimizar recursos. Segundo Anfilófilo Rodrigues, gerente de eficiência ambiental e sustentabilidade do hospital, a instituição tem investido fortemente na autoprodução de energia e na migração para o mercado livre, como parte de uma estratégia mais ampla de transição energética e gestão sustentável.
Segundo ele, a saúde é um setor com alto consumo de recursos e, por isso, iniciativas robustas são essenciais para garantir um futuro mais sustentável. “Causamos grandes impactos no meio ambiente e não são pequenos. Um deles é a emissão de gases de efeito estufa, que cresce ano após ano”, afirmou Rodrigues durante a Hospitalar 2025.
Para enfrentar esse cenário, o Einstein iniciou em 2020 um projeto de autoprodução de energia e representa um investimento de R$ 100 milhões ao longo de 15 anos. O projeto ou por um rigoroso processo de governança e conta com uma equipe engajada, com metas ambiciosas: reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, meta que já começou a ser antecipada.
Com cinco contratos ativos no mercado de energia, a instituição também optou por uma estratégia de transferência de riscos por meio de seguros, como forma de proteger seus investimentos diante da crescente complexidade regulatória. “A regulação do setor está se intensificando. Por isso, cada processo foi desenhado para mitigar riscos, especialmente os ambientais”, explicou. Para Rodrigues, mais do que gerar energia, é preciso garantir que os processos sejam menos demandadores de recursos.
“Cada recurso que utilizamos tem um impacto ambiental e isso vale também para o setor da saúde. Nossa operação é altamente intensiva em consumo de energia e, por isso, identificamos na autoprodução e no mercado livre uma oportunidade de reduzir custos, diminuir nossa pegada de carbono e, ao mesmo tempo, gerar economia significativa para reinvestir em nossa missão: cuidar de pessoas”, afirma.
A coordenadora de meio-ambiente do Hospital Israelita Albert Einstein, Amanda Império, também destacou os avanços da instituição na redução das emissões de carbono por meio da gestão eficiente de energia, com foco em autoprodução e migração para o mercado livre. Segundo ela, a estratégia começa com um diagnóstico preciso: “A base de tudo é o conhecimento. Mapeamos mais de 700 aspectos ambientais da operação e entre eles, o consumo de energia elétrica, que sozinho representa mais de 33% das nossas emissões de carbono”, explicou. Só em 2024, o consumo de energia se destacou com cerca de 80.450 MWh.
Com esse levantamento em mãos, a equipe traçou metas ambiciosas. “A nossa projeção é gerar mais de 16 toneladas de CO2 equivalente até dezembro, mesmo antes de aplicar todos os novos projetos de autoprodução em curso. A expectativa é que, com a energia mais limpa e as parcerias estratégicas, possamos zerar as emissões relacionadas à eletricidade em 2025”, afirmou Amanda.
O plano ainda inclui investimentos em geração própria de energia renovável, além da contratação de fornecedores no mercado livre, que permite maior previsibilidade de custos e liberdade para optar por fontes sustentáveis. “Esse movimento é parte do nosso compromisso com o meio ambiente e com uma operação hospitalar mais eficiente e responsável”, concluiu.
Engeform destaca ganhos
Já o gerente da Engeform Energia, Wélerson Casadei, destacou durante a Hospitalar 2025 a importância da transição energética para o setor da saúde e como projetos de autoprodução aliados ao mercado livre podem gerar ganhos significativos em economia e sustentabilidade. “O mercado livre está deixando de ser aos grandes consumidores e, com a abertura prevista para 2026, clínicas e hospitais de menor porte também poderão se beneficiar financeiramente e ambientalmente”, afirmou.
Ele reforçou que com esse cenário, a instituição assume um novo patamar de eficiência, mas também de responsabilidade. “Estamos falando de contratos de até 15 anos, com alto nível de governança e planejamento. No projeto com o Einstein, por exemplo, houve um diálogo constante entre gerador e consumidor para garantir que tudo estivesse adequado à realidade de consumo da instituição”, explicou. Casadei também ressaltou os impactos sociais do projeto, desenvolvido no Nordeste, como programas de alfabetização e apoio a comunidades locais, mostrando que investir em energia limpa vai além da redução de custos e se traduz em transformação social.
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